Dia de rap com RAPadura Xique-Chico nos Centros da Juventude do POD
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Se um dia dividir o palco com seus ídolos era o sonho de RAPadura Xique-Chico, nesta segunda-feira (7), foi ele quem realizou o sonho de alguns de seus fãs. Um dos maiores nomes do rap no Brasil contou a sua história para os jovens do Programa de Oportunidades e Direitos, respondeu a perguntas e ainda animou a galera com suas rimas. Nos Centros da Juventude que visitou, teve até jovem arriscando versos com o artista fazendo a base. A atividade foi promovida em parceria com o grupo de Rap Rafuagi e contou com a presença do rapper gaúcho Rafa Rafuagi, que convidou RAPadura para visitar os CJs.
A primeira parada foi no CJ Lomba do Pinheiro. RAPadura já começou incentivando os jovens a usarem as riquezas regionais e a valorizarem os ritmos e tradições do sul, as histórias locais e o que tiverem de diferente para apresentar. Ao contar sua própria trajetória no rap, que começou aos 14 anos, ressaltou que o que fez sua arte se destacar no Brasil e no mundo foi misturar o rap com a a cultura popular brasileira, especialmente os ritmos nordestinos, como repente, maracatu, capoeira, cantigas de roda, baião e forró. Nas letras, os temas do nordeste brasileiro e a saudade que o cearense carrega de sua terra natal.
O menino que contrariou o que muitos diriam que seria o seu destino, destacou que muitos amigos riam quando planejava fazer sua música ficar conhecida internacionalmente. Hoje acumula prêmios nacionais e internacionais, como a recente conquista do Leão de Bronze na categoria entretenimento do Festival Cannes Lions, o maior festival de criatividade do mundo. Também é considerado, atualmente, o melhor flow do Brasil, que é o maior fluxo de palavras por rima. “A minha mãe ficou doente, teve câncer e o meu pai se envolveu com o tráfico de drogas e foi preso. Tudo junto. Eu não desisti do meu sonho. Nunca experimentei drogas e não me envolvi com o crime. Usei o rap para viver. Hoje é a minha música, a minha arte que sustenta a minha família”, contou o artista.
A turma das oficinas de Hip Hop do CJ Lomba do Pinheiro se emocionou com o relato. “É bom a gente ouvir que algumas referências pra nós têm uma história muito parecida com o que a gente vê aqui, na Lomba. Fiquei emocionada! É um cara de fibra, uma história linda!”, afirmou Shaiane Alves, uma das jovens rappers do CJ. Para Myllene Moraes, uma inspiração: “Ele nos mostrou que a gente não deve desistir de nada. Devemos seguir nossos sonhos, de cabeça erguida. É um exemplo pra nós, no rap e na vida!”.
O educador de RAP da Lomba do Pinheiro, Luiz Gabriel, conhecido no movimento Hip Hop como Peh, acrescentou que a troca de experiências torna as aulas ainda mais produtivas. “As histórias de vida são uma inspiração. E quanto mais a gente colocar esses jovens em contato com essas histórias e vivências, trocar ideias com artistas como o RAPadura, mais eles vão evoluir, melhor para o trabalho que fazemos aqui”, concluiu. Ele aproveitou para mostrar o que os jovens estão produzindo. A turma editou 2 clipes e um zine nos últimos meses, em parceria com os educandos do curso de Audiovisual.
No Centro da Juventude Cruzeiro a galera acompanhou o rapper numa dinâmica de rima. O jovem Nathan Madeira compôs um rap e o artista fez a base para ele. Depois rolou até um freestyle especial para o POD, ou seja, RAPadura compôs um rap no improviso com o Programa como tema. No final do bate-papo, fotos, troca de e-mails e tietagem.
A última parada foi em Alvorada. Lá, a atividade integrou jovens de todas as oficinas e cursos. A turma da banda do CJ, que reúne os mais diferentes estilos musicais, aproveitou para tirar dúvidas sobre rimas, o estilo musical e propor até uma oficina com RAPadura numa próxima visita.
Para o rapper e consultor do POD, Rafael Diogo dos Santos, o Rafa Rafuagi, a atividade com o artista reforça o compromisso do Programa como uma política pública para a juventude alinhada não apenas com as necessidades mas também com os anseios dos jovens. "Estamos buscando essas referências em outras cidades, regiões, e com histórias que dialoguem também com a realidade local. O RAPadura é um cara que inspira não só por ser ídolo. Mas porque ele é igual aos jovens no seu modo de ser, de falar, de agir. E também numa perspectiva de futuro e numa visão positiva de mundo, que é o que a gente quer e busca na construção da paz, que a meta do POD", concluiu.